17-06-2021
Acabou de vender uma máquina a um cliente brasileiro. Agora precisa de traduzir o manual para ajudar os utilizadores brasileiros a trabalhar em segurança.Decide falar com a empresa de traduções da sua confiança para pedir um orçamento para a tradução para português brasileiro (PT-BR). Recorda-se então que o manual desta máquina já foi traduzido para português de Portugal (PT-PT). Deve ser possível aproveitar esta tradução para PT-BR, afinal é sempre português? A resposta é não e sim. Pois, apesar das muitas semelhanças, existem diferenças significativas entre as duas variantes da língua portuguesa que deve ter em conta. Vejamos as vantagens e desvantagens em adaptar para português do Brasil (PT-BR) uma tradução já feita para português de Portugal (PT-PT) ou vice-versa. Vantagens em adaptar de PT-PT para PT-BR.
O esforço para adaptar um texto é menor que o trabalho necessário para traduzir o mesmo texto de raiz. A produtividade do tradutor e revisor é maior, logo o custo total acabará por ser mais inferior. O tradutor e o revisor têm menos trabalho e cliente paga menos.
Em comparação à tradução, o tempo necessário para fazer uma adaptação é significativamente menor. O tradutor profissional demorará menos tempo a alterar o vocabulário e as estruturas gramaticais do que levaria ao traduzir o texto completo. Logo a adaptação entre variantes é uma boa opção, caso o trabalho tenha um caráter mais urgente. O tradutor demora menos tempo e o cliente tem o ficheiro pronto mais cedo. Vejamos alguns exemplos de adaptação na prática.
Para mais informações sobre as diferenças entre PT-PT e PT-BR, veja “5 ways to differentiate Brazilian Portuguese from European Portuguese”. Vantagens em NÃO adaptar de PT-PT para PT-BR.
Qualquer tradução feita a partir do texto/idioma original, sem passar por um segundo texto/idioma intermediário, é mais fiel à ideia original. Especialmente se a adaptação entre variantes for feita somente com base na primeira tradução, sem consultar o texto original. Não fazer a tradução a partir do documento original, mas de uma adaptação do que foi interpretado e transporto para outra língua, aumenta a probabilidade de um risco desnecessário. Uma fonte de potenciais erros é os falsos cognatos, isto é, palavras semelhantes que possuem significados diferentes em cada variante.
Para evitar replicar eventuais erros, o tradutor deve trabalhar com um formato bilíngue que lhe permita comparar o texto a adaptar com o original. Idealmente, a própria adaptação deveria ser revista por um segundo tradutor sempre no formato bilíngue.
Um texto traduzido diretamente a partir do idioma original apresenta maior naturalidade. A tradução intermédia acabará sempre por influenciar a adaptação, o que pode ter um impacto negativo na forma como a mensagem é comunicada na versão adaptada. Por isso, uma tradução direta proporciona ao tradutor a oportunidade de expressar as ideias do texto original da maneira mais natural possível no seu próprio idioma. Por sua vez, o leitor compreende melhor a ideia por ser mais natural. É especialmente importante em textos de marketing e de elevada visibilidade. Ao optar por traduzir diretamente evita que a experiência do potencial cliente seja prejudicada pela eventual colagem ao texto da outra variante.
Mesmo no caso de documentos jurídicos ou manuais técnicos, a adaptação pode não ser a melhor opção devido à terminologia específica de cada setor. Pois o tradutor/revisor pode perceber um determinado termo e não sentir a necessidade de alterar; quando, na verdade, não é a forma mais exata naquele contexto. Eis alguns exemplos de formas de dizer próximas cujo significado um falante de língua portuguesa pode entender embora não seja a forma mais precisa nessa variante.
Como decidir então? Defina, em primeiro lugar, o que é mais importante para si: a) Ter uma versão em PT-BR rápida e económica ou; b) Garantir que a sua mensagem passa da melhor forma para os clientes brasileiros/portugueses. Se for a opção A peça uma adaptação. Se for a B opte pela tradução de raiz.
|