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In Country Review (ICR): desafios e soluções

09-02-2023

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O processo de tradução é muito mais complexo do que simplesmente passar um texto de um idioma para outro. Ele pode ser formado por diversas etapas, que em conjunto garantem o bom andamento do projeto, bem como a qualidade final do texto traduzido. De forma bem simplificada, o processo é composto pelas 5 etapas principais apresentadas no fluxograma a seguir.

 

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Figura 1: Fluxograma simplificado do processo de tradução

Hoje vamos focar em uma das etapas finais do processo, a In Country Review (ICR) ou revisão por especialista local.

 

O que é a ICR?

Trata-se de uma das últimas etapas do processo, após tradução, revisão e GQ serem efetuadas, imediatamente anterior à publicação. Nesta etapa, que constitui uma validação de todo o processo realizado até o momento, um especialista do mercado local avalia o texto de chegada e dá feedbacks sobre o conteúdo. Tal especialista deve estar profundamente familiarizado com o assunto abordado no texto, podendo ser alguém que trabalha na empresa que solicitou a tradução ou um especialista externo renomado, cujo idioma nativo seja o idioma de chegada, mas que tenha proficiência também no idioma do texto original. Esse especialista não será um profissional da área de tradução, mas sim um profissional da área de conhecimento a que o texto se refere, o que garantirá a adequação final de termos específicos da área, bem como do texto em geral, ao seu público alvo.

 

Qual é o escopo da ICR?

A ICR deve focar em realizar ajustes finos no texto acabado, assegurando sua qualidade, a adequação dos termos utilizados e a conformidade com os regulamentos locais. Observando o fluxograma apresentado acima, note que esta etapa ocorre após diversas etapas prévias que englobam verificações linguísticas e de conformidade. Portanto, espera-se que o texto que chegará ao especialista apresente uma boa qualidade global. Sendo assim, na ICR deve-se avaliar de forma mais abrangente o conteúdo apresentado, ao invés de focar em pequenos detalhes e alterações preferenciais.

O especialista deve se focar nos pontos de melhoria com impacto significativo no contexto apresentado, como a substituição de termos e expressões que poderiam gerar alguma confusão por não serem os mais usados na área ou na empresa específica ou que estejam incorretos para o tema, bem como, sendo conhecedor do público que consumirá o conteúdo, realizar eventuais melhorias na complexidade da linguagem. Espera-se que estas melhorias sejam mínimas, caso tenha havido um bom alinhamento prévio das instruções e materiais de referência fornecidos para a tradução.

Adicionalmente, é muito importante ressaltar que o especialista deve evitar a todo custo efetuar alterações devido a preferências pessoais de estilo e escrita, já que esse não é o enfoque desta etapa do processo.

 

Como colaborar para obter os melhores resultados?

A ICR, quando não é bem planejada e delineada, pode se transformar em um gargalo do processo de tradução. O responsável pela ICR, por ser um profissional que atua na área de conhecimento, possui outras responsabilidades e seu tempo disponível para a realização das atividades linguísticas pode ser muito curto. Sendo assim, é muito importante que os objetivos da ICR sejam claramente definidos desde o início do processo e que se garanta que todos os agentes que atuarão no projeto, incluindo o responsável pela ICR, saibam o escopo de seu trabalho, de modo a evitar a sobreposição de tarefas que inevitavelmente provocaria retrabalhos desnecessários.

Quando possível, é crucial que o responsável pela ICR seja envolvido no projeto desde sua concepção, o  que garantirá uma ICR final simplificada. Se o especialista estiver ciente e colaborar para o estabelecimento dos pré-requisitos do projeto, ajudando a definir materiais de referência consolidados e participando ativamente na construção do glossário, há grandes chances de que o produto final do processo de tradução necessite apenas ajustes pontuais na etapa final de ICR.

Essa necessidade de envolvimento precoce do especialista que, conforme previamente observado, possui pouco tempo disponível para atividades linguísticas, parece contraditória. No entanto, um especialista que tenha participado nas fases iniciais do projeto, mesmo que apenas na aprovação de materiais e glossário, e entenda o fluxo de trabalho envolvido terá maior facilidade para identificar pontos que devem ou não ser alterados na ICR, o que certamente não só tornará sua revisão mais objetiva, mas também mais rápida, evitando ainda criar muitos ciclos de retrabalho e vaivém entre tradutor e especialista.

Por fim, se a ICR detectar muitos problemas linguísticos simples, é sinal de que há necessidade de reavaliar o processo de tradução, revisão e GQ, já que o texto deveria chegar nesta etapa pronto para a publicação.

 

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Dicas para uma boa ICR

  • Como primeira etapa, estabelecer e esclarecer os objetivos e o escopo da ICR;
  • Criar um glossário e um guia de estilo com a ajuda/aprovação do especialista antes de iniciar a tradução;
  • Deixar claro qual será o conteúdo e os prazos para a atividade;
  • Realizar alinhamento sobre o que deve ser avaliado e como realizar as alterações essenciais;
  • Garantir disponibilidade e participação do especialista;
  • Manter em mente que a tradução deve ser consistente com o texto no idioma original (não é esperado que ocorra a criação de conteúdo neste processo);
  • Evitar ao máximo modificar termos previamente aprovados em glossários;
  • Não realizar alterações preferenciais;
  • Não efetuar alterações que não estejam de acordo com glossários e outros materiais de referências previamente aprovados;
  • Em projetos muito grandes, realizar a ICR de uma amostra significativa da tradução na fase inicial do projeto. O feedback precoce ajudará a ajustar a linguagem utilizada.

 

A revisão por um especialista, quando bem planejada, pode impulsionar a qualidade e a adequabilidade do texto final. No entanto, a ausência de alinhamento entre as expectativas do especialista e as demais etapas do processo de tradução pode levar ao aumento do tempo e do custo associados ao processo, sem resultar em um ganho final proporcionalmente significativo. Para evitar a criação de gargalos no processo, é importante garantir a inclusão deste profissional no projeto desde seu início, bem como garantir a definição dos objetivos da etapa de ICR.

Em resumo, uma ICR bem-sucedida é aquela que gera poucas necessidades de alteração, mas que garante a verificação e correção de detalhes críticos.

 

Referências:


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