Tradução e adaptação transcultural de escalas em saúde: porquê e como fazer.

12 abr 2022 . Tradução Médica

Tradução e adaptação transcultural de escalas em saúde: porquê e como fazer.

O número de ensaios clínicos internacionais tem aumentado grandemente nos últimos anos, criando a necessidade de traduzir escalas e instrumentos de medida para múltiplos idiomas e culturas. Mas afinal, qual a importância da tradução de escalas e como fazê-lo de forma correta?

O número de ensaios clínicos internacionais tem aumentado grandemente nos últimos anos

Escalas no setor da saúde

Escalas são instrumentos de avaliação, cada vez mais utilizadas na área da saúde. Por um lado, podem ser usadas para fornecer informação sobre a evolução clínica do paciente, a sua qualidade de vida e segurança; por outro, para a tomada de decisão clínica acerca do tratamento mais indicado para uma dada condição de saúde.¹

Alguns exemplos de escalas usadas na saúde são:

  • escala de Braden, que avalia o grau de risco do paciente no desenvolvimento de úlceras por pressão;
  • escala de Morse, que avalia o risco de queda do paciente;
  • As escalas de Ramsay e de RASS, que avaliam o nível de sedação.²

A avaliação normalmente possui um questionário, com opções de respostas e pontuação relacionada. A pontuação final determinará o risco do paciente para uma dada condição clínica. ²

Importância da tradução de escalas em saúde

Com o aumento do número de ensaios clínicos, aumenta também a necessidade de ter diversos documentos ou ferramentas em vários idiomas, nomeadamente escalas de avaliação médica.

As escalas usadas em saúde são desenvolvidas, essencialmente, em países de língua inglesa ou japonesa.¹ Porém, estas não são utilizadas apenas por pessoas que compreendem o Inglês e o Japonês.

Por outro lado, para que um medicamento seja aprovado, as entidades reguladoras de medicamentos exigem a apresentação de relatórios de avaliação de resultados clínicos (COA, do inglês clinical outcomes assessment), que incluem a medição dos resultados reportados pelo paciente (PROs - do inglês patient-reported outcome).³

Este é um método não-clínico para avaliar, por exemplo, os sintomas experienciados pelo doente, a sua qualidade de vida e outras manifestações de saúde.4 Os PROs são usados em estudos clínicos e distinguem-se dos restantes métodos de avaliação por serem baseados em respostas vindas diretamente do paciente, através do preenchimento de questionários ou entrevistas, sem a interpretação clínica por um médico. As escalas de saúde são uma das formas usadas para medir um PRO. 3

Para que estes instrumentos possam ser utilizados globalmente, precisam de ser não só traduzidos, como também adaptados à cultura dos seus utilizadores. Sendo a cultura diferente, os indivíduos também se expressam de forma diferente e têm maneiras distintas de reagir a determinados estímulos. É aqui que reside a importância de adaptar a escala às práticas clínicas e realidade da cultura daquele país.

O uso de escalas mal traduzidas e de traduções não validadas pode originar erros de interpretação, podendo até colocar a saúde dos pacientes em risco.¹ Porém, é surpreendente a pouco atenção que é dada à metodologia de tradução e adaptação transcultural de medidas e escalas para outras línguas.

7 passos para a tradução, adaptação e validação cultural de escalas métricas

Segundo os especialistas, a tradução e adaptação cultural de uma escala é quase tão trabalhosa quanto a criação de uma nova escala, e requer uma metodologia muito bem estabelecida e rigorosa.

  • PASSO 1: tradução da escala original para o idioma pretendido por pelo menos 2 tradutores independentes, preferencialmente certificados e nativos na língua materna requerida;
  • PASSO 2: comparação das 2 versões traduzidas;
  • PASSO 3: a versão traduzida é traduzida novamente para o idioma original (retrotradução cega) por 2 tradutores independentes com as mesmas qualificações e características do passo 1;
  • PASSO 4: as duas retroversões e a escala original são comparadas por um comité multidisciplinar;
  • PASSO 5: teste piloto da versão pré-final com uma amostra de participantes que tenha as características do público-alvo que irá utilizar a escala;
  • PASSO 6: apesar de pouco comum, quando o idioma principal da população é bilingue, é recomendado fazer um teste psicométrico preliminar da escala traduzida com indivíduos bilingue;
  • PASSO 7: teste psicométrico completo da escala traduzida e culturalmente adaptada com uma amostra da população-alvo. 5

A L10N é uma empresa portuguesa com 20 anos de experiência, que oferece serviços de tradução médica e farmacêutica certificados em 40 idiomas. Estes são realizados por tradutores profissionais especialistas na área da saúde e nativos na língua materna requerida.

Referências:
1 Pinto, A.L. Tradução e adaptação cultural de escalas. Tese de Mestrado desenvolvida na Universidade de Aveiro – Departamento de Línguas e Cultura, 2014.
2 Principais escalas de avaliação de pacientes na Enfermagem, Gestão em Saúde, disponível em https://gestaoemsaude.net/principais-escalas-de-avaliacao-de-pacientes/ , acedido em Novembro de 2021.
3 Clinical Outcome Assessment (COA): Frequently Asked Questions, U.S. Food & Drug, disponível em https://www.fda.gov/about-fda/clinical-outcome-assessment-coa-frequently-asked-questions, acedido em Dezembro de 2021.
4 Resultados Reportados pelos Doentes, EUPATI, disponível em https://toolbox.eupati.eu/glossary/resultados-reportados-pelos-doentes/?lang=pt-pt, acedido em Dezembro de 2021.
5 Sousa, V. D. et al. Translation, adaptation and validation of instruments or scales for use in cross-cultural health care research: a clear and user-friendly guideline. Journal of Evaluation in Clinical Practice, 2010.

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